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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Talvez comemorar perdas e arrependimentos não seja lá uma tão má ideia assim.
Amizades perdidas, e amores também. Um poço de saudade, com uma água escura que as pessoas chamam de aparência. Escura, e dura de se engolir.
A vida que se vai e se vêm.
É, dezessete invernos não tão bem vividos, somando com os maços de cigarros, e o álcool, soa mais como um coração partido.
Deve ser assim mesmo. Quando você mais se sente cheio de sentimentos, e está com tudo ao seu favor, é quando você se sente mais vazio, pois sabe que nada daquilo é seu. E que infelizmente, nada dura pra sempre, mesmo que se cative aquilo. Mas, como eu disse, são apenas dezessete anos não tão bem vividos. Talvez com o tempo, eu aprenda.
Ou não. Só me foda mais, e me afunde mais.
Fico aqui pensando em quantas vezes vou ter que me fuder pra aprender como a vida é. E não falo de algo específico, falo da vida em si. Do jeito que as coisas são.
Não fiz porra nenhuma, e acordei com uma febre do cão e uma gripe chata, logo, deve ser presente da vida pra mim, novamente. Só faltou um bilhete escrito 'Surpresa, aqui é a sua vida, e eu só tô te estragando um pouco mais'.

No final, eu sei que a culpa é minha.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sol, mal-estar, dor de cabeça.
Sentei naquele banco do ônibus que é ao contrário, sabe? Dando a visão completa de tudo o que acontecia. Não reparei em nada. Pensei em tudo.
A velha da minha frente, com um olhar tão triste, pensando no filho que perdeu pras drogas, e na filha mais velha que esqueceu de existência de seus pais depois que casou, e se mudou pra cidade grande. O cara do lado da velha triste, me olhando com uma cara de safado, não vendo a hora em que o ônibus de fato partisse, pra que logo ele estivesse em sua casa. Afinal, era o único lugar onde ele podia se masturbar vendo fotos de crianças nuas na internet.
Consegui calar meus pensamentos por um minuto. Abaixei a cabeça e quase cai no sono. Monótomo. Eu estava distante de mim mesma.
Não conseguia me concentrar em nada. E me digam, no que eu me concentraria em pensar as 14:00hrs da tarde de uma segunda feira, em um ônibus lotado?
Eu só queria sumir.
Lembrei do Pablo. E dos trabalhos escolares. Lembrei que também tinha uma vida fodida, e me perguntei quem eu era pra ficar julgando a vida dos outros assim. Depois pensei que sou uma idiota, e vai ver é assim mesmo. O diabo sopra coisas no meu ouvido e eu fico dando bola.
Acho que no fim de tudo, todo mundo ali era fodido. Afinal pagar três reais pra fritar dentro de um ônibus é a única saída pra voltar pra casa. Casa onde não tenho vida. Vida onde não tenho casa.
Fiquei tentando pensar em algo além da minha dor de cabeça. O funk do cara de pé, ao meu lado, não deixava. Matei ele sete vezes por pensamento. Devagorosamente, tirei membro por membro dele, e dei pros cães do diabo comerem.
Eu só queria sair dali. Eu pensava em tanta coisa. Coisas que não consigo nem descrever.
Tinha uma menina de no máximo três anos de idade, linda, de olhos azuis, o que me deixou triste. A maioria dessas, que são lindas, não se valorizam quando ficam mais velhas. Eu que sou feia, me dou mais valor. Eu sei que eu não deveria, mas eu me importo com o futuro da nação, mesmo eu achando que eu nasci no país errado, na hora errada, e na família errada. Sei la. Não tenho porra nenhuma haver com as respectivas vidas das pessoas no futuro, mas, só acho que é preciso um pouco de cautela, sabe? Até o diabo sabe disso. Depois que tudo explodir, ninguém poderá dizer que eu não avisei.
Não entendo esse mundo. Principalmente essas coisas, que parecem sempre girar, assim como o mundo, mas na realidade nunca saem do lugar.
Tinha transformado meus pensamentos em transtornos. Delírios, como Pablo e Bukowski diriam.
Eu pensava em todo mundo, menos em mim. Nunca penso em mim, e quando penso é pra dizer à mim mesma pra parar de pensar. E em alguns momentos daquela pequena viagem de uma hora e meia, pensava nisso. Queria me calar internamente, pra eu mesma poder ouvir meus próprios pensamentos. Tão complexos mas tão insignificantes. Tão cheios, mas, tão vazios. Cheios de mim de uma forma egoísta e sincera; mais sincera do que eu já sou. Deve ser por isso que doem tanto. Sei la, talvez eu só não goste deles, porque eu não gosto de mim. Talvez eu só deveria estar pensando em outra coisa.

O ônibus continuou andando, e eu tentando fugir dos meus pensamentos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Fiquei sentada observando aquele monte de carro passar. E eles passavam.
O que não passava era aquele aperto no meu peito, estraçalhando metade dos meus pensamentos. E aquelas luzes machucavam meus olhos. E a dor perfurava meu corpo como a luz transcendente de Times Square.
Já não via motivo de estar sentada ali. Talvez, só estava esperando a dor passar. Mas diferente dos carros, e das pessoas, ela não passava. Só me perfurava, cada vez mais.
Eu me sentia como um papel, rasgado, e jogado pelas ruas. E esperando que pisassem mais em mim, ou que a chuva me levasse pra um lugar seguro. Mas não aconteceu.
E nem vai acontecer.
Vou ficar esperando a dor acabar comigo de vez.
Foi o acordo que eu fiz com ela.