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sábado, 26 de janeiro de 2013

É o ar viciado de seu quarto que permaneceu fechado por uma semana que veio pra te procurar. 
Não fala que atrai! Bate nessa sua boca! Não atendeu a porta por uma semana. Bicho do mato, só saía quando o homem saía de casa pra trazer o sustento. Uma vez o tempo desencontrou do relógio de parede e topou com o homem no portão. Fechou a blusa apressada dizendo que voltava logo. Subiu e desceu morro e pegou estrada de terra. Jurou amor a outro dizendo que não aguentava mais viver, que cansava esse entra e sai de ar dos pulmões, esse abrir e fechar de olhos, esse dormir e acordar todo dia. Pedia em prantos, suplicava por beijos de outra boca, boca esta que nem carecia de súplica. Seu estômago revirado de nada, se alimentava de migalhas de afeto por meses e vomitava a bile da insatisfação. 
Ela queria era nadar em prazeres dos menores ao maiores, dos da carne e do espírito. Do que era tudo isso que estava falando? Que isso? Quer algo que nem conhece? Quanto atrevimento! 
Lhe derramaram palavras, palavras, palavras, ela bebia, palavras, palavras, palavras, se afogava, palavras, palavras, palavras, deleitava, nadava, palavras, palavras, palavras, meu deus, palavras, lhe saciava a sede de uma vida inteira de descaso. Palavras. E voltava pra beira da piscina e se agarrava no silêncio do telefone:
"-Você tá aí? Não vê que isso tudo tá errado? Ei? Não chora, então só me escuta e faz o que achar melhor, mas me escuta. Você não precisa continuar com isso. Se você morrer pra salvar alguém como eu vivo? Respira devagar... Respira devagar...."

  Delancy.