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sábado, 17 de setembro de 2011

Eu estou bêbada, se não for isso, alterada. Só quero dizer que ainda há um pouco de alcool no meu corpo.
Digo isso porque vi as luzes brilhando, dancei mais que todo mundo naquela festa, vi pessoas por três delas, a igreja de cabeça pra baixo, e estou cheia de arranhões.
O carro capotou e os três, saímos vivos. Não sou de compartilhar esses acontecimentos, mas eu preciso escrever.
Segundo o médico, falei pra ele que precisava escrever. Perguntei se era um sonho. E ainda disse, mas uma vez que eu precisava escrever.
Minha cabeça dói. Deve ser as várias doses de conhaque. Quando chegou na 11º, parei de contar. E parei de contar quantas vezes minha mãe disse 'filha, não beba' e eu voltei bêbada, caindo e vomitando pra casa (se é que posso chamar de casa esse inferno, que hoje agradeço em ter, onde moro).
E é, foi Deus mesmo. Ou algo maior que isso. Só quero dizer que todos os motivos por eu ainda permanecer aqui, só constam por algo maior, ou algo além do que eu possa imaginar. O carro destruido. A pica dos deuses passou por cima daquilo. Eu sai de lá, desesperada pra salvar outra vida. Não foi a minha. Eu não me importava. De fato, se eu pudesse ter morrido ali, eu o faria.
Mas eu precisava salvar o Pedro. E esses nomes com P me perseguem.
Mas, foi uma coisa tão intensa. Vi a vida passar por mim em cinco segundos.
Aprendi o que é querer respirar mais de uma vez por segundo.
Pessoas que nem conheci, sentimentos que eu nem ousei sentir, passaram por mim. Como um raio, que transcende de uma ponta do ocidente, e vai acabar no quinto dos infernos, onde o horiente começa.
Nada mais que a mera lembrança de viver.
Sentia me como se fosse viver pra sempre, só que viver em apenas 5 segundos me parece tão precário.
Morrer em 5 segundos me parece tão intenso.
As coisas acontecem e a gente nem percebe. É nessas pequenas (grandes) coisas, que o mundo é construido. As coisas vem e vão, e os segundos transcendem os cortes que tenho no meu corpo.
Eu lembro do quanto eu sangrei, e no quanto eu chorei.
Tirando as burradas que eu fiz, até que me pareceu um dia normal. Só que agora fico pensando, se eu não tivesse acordado na hora que eu acordei hoje, isso teria acontecido, ou eu teria adiantado as coisas, se eu tivesse acordado mais cedo?
Fico pensando mais ainda na vida de quem estava la comigo, naquele beco, que agora não é mais um carro. Penso até em ajudá-lo à pagar, começar a trabalhar e terminar de fuder minha vida, sem tempo. E que vida? Sem vida.

Sem tempo pra pensar.
Sem nada. Só com pressa, de ver a morte passar rápido, mesmo sendo a vida que esteja passando pelos olhos. Pressa mais ainda de querer ver quem a gente gosta, mesmo sabendo que isso pode nunca mais existir. Pressa de sumir.
Pressa de sentir. Sentir nada, e sentir tudo.

Sentir.
É quando menos percebemos, que realmente sentimos alguma coisa.

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