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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

08 de Setembro, 2011.
Balneário de Camboriú - SC.

É, o mar veio até mim. Lógico.
É como a dor. Ela vem como amor, depois que a gente a conhece, se mostra como dor. Estou com uns hematomas nas pernas, e nem sei como os adquiri. Só sei que começou a doer depois que eu sai do mar.
É tão deserto aqui. Quase ninguém.
E aquela hora, só havia eu. E o mar.
Os dias têm sido longos, e a chuva não parou. E acho que foi por minha causa. Os dias têm sido realmente longos. Mas é sempre assim quando a maré esta alta, por algum motivo pelo qual eu não sei.
E por esse mesmo motivo, a água que me tocou, me doeu. Profundamente.
Águas do Sul.
Existe um inferno em baixo daquilo tudo. E existe um céu sob aquele oceano. Mas sobre o inferno, acredite em mim. Eu o senti. E o céu? Você viu.
Eu vi.
Mais amplo que o oceano.
Mais amplo que a minha vida.

Fico lembrando de pessoas que eu não deveria. Entrei no mar com a intensão de que ele me levasse embora alguma dor. Quase me sacrifiquei. A água batia no meu pescoço. Quase me afoguei. Por um momento eu até quis morrer, de fato.
Quem sabe eu esquecesse [...]
Enquanto eu deixei algumas ondas cobrirem minha cabeça, senti como se tudo, por um momento, tivesse passado. Pensei que talvez se eu tivesse soltado as minhas mãos daquela pedra, iria ser pra sempre assim. Não sentir nada pra sempre me parecia uma boa ideia.
A própria onda me colocou pra fora do mar em questão de segundos, então vi que a minha própria vida pode bem me tirar do buraco em que meu coração está.
Tentei ligar hoje. Várias vezes. Sinto que o perdi.
E isso dói. Dói mais até que os hematomas nas minhas pernas que não sei de onde vieram. Eu não sei de onde vim, e não sei mais o que sentir. Estou anestesiada.
E vejo melhor as coisas assim. Eu sinto, mas não reajo. Queria ser sempre assim. Vai ver eu sou assim.
O gosto salgado ainda paíra sob a minha pele.
E eu venho sentido que tudo o que eu toco vira pedra. E no mar, as pedras me ajudaram a sobreviver.
A vida é tão ampla, e tão minuscula que eu acho que não caberia no mar.
A minha vida não caberia no mar. Acho que por isso a própria onda me colocou forçadamente pra fora do mar.
Porque eu sou pequena demais pro mar. Embora eu seja assim, tão complexa. Porque eu sou grande demais pro mar, embora seja assim, tão pequena.
Mas o dia já acabou. O que ainda não acabou foi a minha vida, e a imensidão do mar.
E na real, acho que a vida de ninguém acaba. Nem depois da morte.
Nem depois do mar.
Há vida depois do mar.
Há vida demais em mim. Há vidas em mim.

E creio que foi por isso que o mar não me levou.
Porque eu não sou só eu. Existem coisas em mim que nem eu mesma sabia que existia.
E o mar não me aceitou por esse exato motivo.
Ele me conhece, mas não conhece o que habita em mim.

Eu não conheço o que habita em mim.

Meu diário.

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